segunda-feira, 30 de novembro de 2009

É só o começo

O escândalo que decretou a morte política do governador José Roberto Arruda tem aspectos que o diferenciam de tantos outros de mesma gênese. O striptease, dessa vez, começou de cima para baixo. Geralmente, as escutas, vídeos e provas do gênero são produzidas nos escalões inferiores e historicamente não chegam à autoridade máxima. As punições, em conseqüência, ficam na chamada raia miúda.

No episódio Arruda, o primeiro vídeo já alcançou o governador e a quantidade de provas em mãos da Polícia Federal projeta um cenário de corrupção de extensão estarrecedora. O acervo de vídeos e escutas do ex-policial Durval Barbosa é suficiente para comprometer quase uma centena de atores desse processo. Vai muito além das imagens já divulgadas, em que parlamentares, incluindo o presidente da Câmara Distrital, Leonardo Prudente, aparecem enchendo os bolsos de dinheiro.

Um desses vídeos, é especialmente chocante: parlamentares agradecem a Deus pela propina, numa cena inacreditável.

Ainda vão surgir os grandes operadores do esquema, do qual Barbosa faz parte e que envolve personagens públicos e privados , da Câmara Distrital a imobiliárias, de publicitários a ex-policiais, do Executivo ao Judiciário. Chegará a políticos de fora de Brasília.

Há riqueza ostensiva em Brasília que não poderia ser construída honestamente. Casas suntuosas de servidores e ex-servidores que acumularam patrimônio incompatível com a realidade salarial. A PF trabalha com a convicção de que os preços milionários do mercado imobiliário da Capital, têm origem em lavagem de dinheiro da corrupção.

Há mais secretários envolvidos do que os mencionados até agora, cuja exposição será gradual, na medida em que as investigações com base na delação de Durval Barbosa avançarem. Próximos de Arruda, salvam-se poucos. Os focos de corrupção maiores, segundo fontes bem informadas sobre as investigações, estão na Educação e Saúde, mas não se limitam a essas duas.

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