quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A arte de transformar um convento num bordel


O imponente Convento das Mercês (foto) foi construído em 1657em São Luiz (MA). Pertenceu ao governo do Maranhão até 1990, quando de forma inexplicável e obscura, o então governador João Alberto, aliado político da família Sarney, concordou em doá-lo para a Fundação da Memória Republicana, mais tarde rebatizada como Fundação José Sarney.

Até hoje, funciona ali o museu que Sarney erigiu para guardar a memória de sua vida política. O local conserva documentos e fotografias do período em que foi presidente da República, presentes que recebeu de outros mandatários em viagens ao exterior e até desenhos feitos na infância pelos seus filhos. No térreo do prédio, um mausoléu onde pretendia ser sepultado.

Para manter essa vaidade inútil, Sarney conta com a ajuda de empresários amigos e, claro, dos cofres públicos. Um dos patrocínios mais polêmicos veio da Petrobrás: R$ 1,3 milhão para que a fundação digitalizasse seu acervo, todavia o serviço não foi feito. Mas a petroverba foi gasta. Pelo menos R$ 500 mil foram parar em contas de firmas fantasmas e empresas da própria família Sarney.

Paralelamente às benesses estatais, a Fundação arrecada dinheiro com o aluguel do local para eventos privados. Até aí se pode entender, mas alugar a construção pluri-centenária, que serviu de abrigo religioso para festas sexy, como aconteceu nesse último dia 7, constitui uma amoralidade indigna e insultante à história do país. Tratou-se de uma orgia para maiores de 18 anos, onde houve até distribuição de preservativos conhecidos como “camisinha”. O organizador da festa Alexandre Maluf não admitiu o quando pagou à Fundação José Sarney

No início do ano, a Justiça Federal determinou que Sarney devolva o convento ao poder público, por se tratar de um patrimônio histórico tombado. A decisão ainda não foi cumprida, mas o senador já anunciou que fechará as portas do museu. Não necessariamente por causa da sentença, mas porque, segundo ele, a fundação já não consegue mais doações devido à “exposição negativa a que a instituição passou a ser submetida por alguns órgãos da mídia”.Mas a realidade é que os patrocínios minguaram desde o recente escândalo envolvendo suas contas.

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