sábado, 17 de abril de 2010

A sordidez burocrática tem a corrupção como norma.

“Se alguma coisa que foi feita para não funcionar e não funciona, então esta coisa está funcionando”
Uma das maneiras que as máfias italianas fizeram para lavar o dinheiro ilícito ganho a partir do tráfico de drogas exploração do jogo e da prostituição para dar caráter legal aos seus negócios foi entrar em parceria com o Estado. Elegeram membros para o legislativo e também para o executivo com apoios financeiros, que posteriormente eram revertidos muito mais do que a simples defesa de seus direitos mas na participação direta destes. Nessa participação, o Estado emperra e só funciona através do nome de algum figurão, a empresa prestadora de serviço deve ser ligada a ele, licitações são vencidas por aqueles que participam deste rol.

Roberto Saviano, jornalista e autor do livro “Gomorra”, ilustrou em recente entrevista a Globo News, que mafiosos detinham o controle do lixo, neste trabalho ofereciam um serviço caro, com um projeto imbatível de arrecadação do lixo e destinação - tais empresas só poderiam atuar a partir de certificações ambientais. Tudo passa pelas mãos deles, mas o serviço não é executado e conseguem certificação do Estado por terem total controle, é a corrupção como norma, fazendo parte do cotidiano da estrutura burocrática. Conhece algum lugar assim?

Milícias e terceirização

Sem atravessar o Atlântico, assistimos aqui com certa frequência e semelhança que podemos comparar. Uma, que é a forma embrionária das máfias através da organização criminosa vista nas milícias, onde por lacuna administrativa grupos passam a oferecer serviços à comunidade; esses grupos mais adiante começam a integrar o corpo estatal através de mandatos eletivos e também fazendo parte do executivo. Outra frente são os já possuidores de mandato, que começam unidos ao executivo fazendo parte da máquina administrativa, mantendo empresas prestadoras de serviço onde o Estado, através da terceirização, paga por um atendimento de baixa qualidade, apesar dos elevados preços praticados, criam ainda centros de atendimento assistencial, emperram a máquina pública para só funcionar com a intervenção destes. Ao utilizarem-se dessas práticas e estratégias, ganham de todos os lados, tanto financeiramente como eleitoralmente. O ganho financeiro é auferido através da prestação de serviços “realizado” através de suas empresas. O ganho eleitoral é decorrente do agradecimento popular; a ineficiência do Estado faz com que o cidadão acabe sendo vitima e cúmplice desse conluio, pois mantém-se fiel a esses grupos que fazem as vezes do Estado, provendo esse cidadão com suas necessidades ou mesmo exigindo fidelidade através de pressões, coações e até mesmo ameaças. Resumindo, essa prática reprovável não deixa de ter seu condão “mafioso”. Infelizmente, ao auferirem poder econômico e eleitoreiro, esses grupos tendem a multiplicar cada vez mais os seus tentáculos sob toda a sociedade.

Falta de opção

Muitos dizem que o momento da mudança ocorre com as eleições e que o povo tem o político que merece. Em parte isso é verdade, mas acreditamos que talvez falte ao povo a opção de escolha. O eleitor é sistematicamente enganado e manipulado, principalmente através do poder da mídia; sendo levado a crer nesses candidatos, seja pelo interesse pessoal e pelo favorecimento, seja pela exploração de sua própria ambição, é bem verdade que isso acaba culminando com a venda da sua cidadania.

Mas e o Estado? Não é ele que tem o poder da fiscalização e o da tutela? Através de suas instituições não deveria combater esses abusos? Estariam essas instituições impregnadas com interesses particulares decorrentes da ocupação de cargos e apadrinhamentos?

De nada valem os impostos pagos, haja visto as dezenas de faixas que vemos em agradecimento pelos serviços públicos essenciais executados, como asfalto, luz, limpeza, poda de árvores e benfeitorias. Não é exatamente para isso que pagamos, ou eles têm destino difuso? Talvez seja o retorno para as mãos sujas de grupos que se organizam no intuito de enriquecer com o dinheiro público. E o pior é que quando se tem ação efetiva de término de poder em determinada área sob domínio da milícia, por exemplo, o Estado não provém os serviços, ficando o povo à míngua, restando então a saudade daquela outrora exploração que contudo apresentava algum serviço. Verificamos assim, com pesar, frustração e profunda tristeza, que a tão sonhada democracia conquistada a duras penas acaba sendo sufocada por grupos espúrios que corroem o Estado, e hipocritamente se apresentam como substitutos e salvadores desse Estado.

Afinal, de quem é a responsabilidade pela administração do Estado? Do povo, ou dos poderes constituídos? E estabelecido isso, a quem devemos recorrer no caso da incapacidade e ineficiência dos responsáveis?

Por Fábio Domingos da Costa

Fábio Domingos da Costa - é diretor de comunicação da ONG Viva Polícia, diretor-ajunto de comunicação da ANSEF - Associação Nacional dos Servidores da PF e ex-presidente do Sind. da PF/RJ.

POSTADO POR FRANCISCO FERNANDES(PAULISTA)

Fonte blog do ARETON

4 comentários:

  1. Alerta... saudações. Gostaria de sugerir a confecção de um jornal impresso com as principais informações postadas no site; desta forma, muitas pessoas que não tem acesso a internet passariam a se informar do que vem ocorrendo. Outra sugestão é disponibilizar uma conta bancária para aquelas pessoas que quiserem fazer doação para a ONG.

    Cordialmente, Caio de Mello.

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  2. Olá. Leia matéria sobre a audiência pública na Câmara Municipal de Fortaleza, onde se debateu sobre a violação ao piso dos professores pelo Município de Fortaleza e estratégias de luta. A matéria é um resumo do ocorrido, bem como um resumo da minha fala como advogado do SINDIUTE. seguida de encaminhamentos. A LUTA ESTÁ A TODO VAPOR EM TODO O PAÍS! O piso será aquele que a QUALIDADE DA LUTA IMPUSER!

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  3. Qual a relação entre a foto do casal e o artigo?

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  4. RESPOSTA AO ANONIMO:^A RELAÇÃO DA FOTO COM O ARTIGO, É QUE FORAM ELES OS AUTORES DA POSTAGEM DO ARTIGO.

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