sábado, 19 de dezembro de 2009

Janeiro estreia com salário de R$ 505

Janeiro começa com novo salário mínimo. Enquanto o presidente não prepara Medida Provisória definindo o valor, a expectativa é que o piso salarial seja de R$ 505. O comércio festeja a medida, mas a indústria classifica o aumento como eleitoreiro

Ano novo, salário novo. Até agora, enquanto o presidente Lula não prepara a Medida Provisória para o aumento do salário mínimo em 2010, a remuneração prevista para o ano novo é de R$ 505. Em reunião da Comissão Mista de Orçamento, na última semana, as informações eram de que o salário poderia chegar a R$ 510. No entanto, foi a partir dos R$ 505 que o Ministério do Planejamento elaborou as contas para o próximo ano.

A ideia é que esse número represente a inflação do período mais o Produto Interno Bruto (PIB) de 2008. O cálculo, inclusive, está previsto na política de valorização do mínimo implementada em 2007 e que segue até 2023, fruto de uma negociação do Governo com as centrais sindicais. Em 2011, segundo os critérios negociados em 2007, as centrais devem voltar a discutir com o Governo, avaliando a política desenvolvida.

De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o número de trabalhadores que ganha até um salário mínimo é mais expressivo no Nordeste, principalmente no que diz respeito à administração municipal. Levantamento do Dieese aponta que 58,6% dos nordestinos ocupados ganham até um salário mínimo.

O superintendente da Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Alex Araújo destaca que o reajuste do salário mínimo é fundamental para o comércio, mesmo que isso seja um custo a mais. ``Essa estratégia de ganho real tem trazido um benefício muito grande de ampliação do mercado interno. Temos uma proporção muito grande de famílias com ganho atrelado ao salário mínimo``, aponta Araújo.

``As pessoas que ganham um salário mínimo são as que estão na base da pirâmide, e elas têm sido uma das implicações para o crescimento do comércio e da economia regional nos últimos cinco anos``, defende o superintendente. Mas se no comércio o reajuste salarial é visto com bons olhos, na indústria a medida é tida como ``eleitoreira``, como define o presidente da Federação das Indústrias do Estado do ceará (Fiec), Roberto Macedo.

Para ele, a medida é um balde de água fria em uma economia que está começando a aquecer. ``Com uma medida dessas vai haver inflação porque todos os custos serão repassados``, calcula. Macedo diz ainda que o setor industrial está bastante preocupado com o fato de o Governo querer reduzir a carga horária semanal de 44 horas para 40. ``É uma proposta do Governo para aumentar emprego, mas isso será repassado em custos``, diz.

O presidente da Fiec reclama que hoje o empresariado quer contratar e não encontra gente preparada no mercado de trabalho.


IMPACTOS DO SALÁRIO MÍNIMO


>Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), desde 2002 o ganho real acumulado pelo salário mínimo chega, em 2010, a 52,57%.

>Ainda de acordo com os dados do Dieese, 46 milhões de pessoas têm seu rendimento mensal referenciado no salário mínimo. O incremento na economia com esse reajuste será de R$ 24,8 bilhões. Já a arrecadação tributária ganhará R$ 7,2 bilhões.

> O Dieese projeta que com o reajuste salarial e, tomando como base o custa da cesta básica em novembro, o assalariado teria um poder de compra equivalente a 2,16 cestas básicas. Essa relação é a melhor levantada na série das médias desde 1979.

Nenhum comentário:

Postar um comentário